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Foto do escritorchrisbusnellofianco

Cachoeira do Buracão, Chapada Diamantina - Bahia

Na manhã do segundo dia em Mucugê nos arrumamos e saímos cedo, pois havíamos combinado com nosso guia Reis de encontrá-lo na Praça Tancredo Neves, em frente à catedral de Ibicoara as 9 horas da manhã, e a distância até lá é de 78 km. Para aproveitar e levar mais gente, e como estávamos com o nosso carro lotado, e não caberia Reis conosco, ele combinou com mais um jovem casal para ir junto, e quanto a isso não nos importamos. Porém, o casal demorou mais de 50 minutos para chegar ao nosso encontro naquela manhã, e já estávamos nos preparando para irmos apertados no nosso carro sem eles. Mas enfim, chegaram.


Praça Tancredo Neves, Ibicoara

Esperando...

Catedral de Ibicoara

Centro de informação ao turista







A Cachoeira do Buracão fica dentro do Parque Natural Municipal do Espalhado, assim chamado pela junção de três rios (Riachão, da Jiboia e Mucugezinho) que formam o Rio Espalhado, está localizado no extremo sul do Parque Nacional da Chapada Diamantina, no município de Ibicoara, e para entrar, além de estar com um guia da própria cidade (obrigatório), é necessário pagar uma taxa, que foi de R$6 por pessoa.


Partindo de Ibicoara seguimos de carro por cerca de 30 km, a maioria em estrada simples porém asfaltada, mas uns 10 km percorremos em estrada de chão. Na portaria, que fica a 7 km da entrada do Parque, Reis desceu para pagar nossas entradas e então continuamos. Uns 4 km depois de passarmos pela portaria, é necessário atravessar o Rio Mucugezinho com o carro, uma aventura. Nós num C3 passamos bem, já que não é fundo, mas devemos seguir as instruções do guia. Mais um trecho de estrada de chão e finalmente chegamos no estacionamento, onde existe uma infraestrutura mínima de banheiros.


A partir do estacionamento seguimos a pé por uma trilha tranquila, aberta e plana. O solo é arenoso em alguns trechos, mas na maior parte do caminho andamos sobre as rochas, algumas vezes subindo e descendo, mas sem grandes dificuldades. Nos trechos de maior dificuldade foram construídas escadas estilo Santos Dumont para facilitar a vida do turista.


Início da trilha...


Registrando o momento em família na trilha da Cachoeira do Buracão

Natureza... Rio Espalhado

Rochas, rios, céu...

Alegria do começo do passeio que se manteve até o final...

Ao longo do passeio Reis foi contando histórias do local e apresentando cada poço e cachoeira pelos nomes, além de parar em lugares estratégicos para fazer as melhores fotografias (ah, guia bom precisa conhecer esses lugares e saber tirar boas fotografias, e Reis caprichou), além de evitar lugares onde tenham outros turistas, deixando esses pontos para parar em um outro momento. Quanto a isso Reis foi perfeito, pois com exceção da Cachoeira do Buracão, que não tem como evitar, nos outros pontos sempre estávamos sozinhos, curtindo o maravilhoso passeio em paz.


Contemplando esse lugar fantástico, Rio Espalhado

Nossa primeira parada oficial foi neste ponto do Rio Espalhado, onde ao fundo ficava a Cachoeira do Buraquinho, com pouca água quase nem parece uma cachoeira. Aproveitamos para curtir a paisagem, que é lindíssima.

Cachoeira do Buraquinho ao fundo

Que lugar fantástico...

Seguimos curtindo a paisagem e apreciando a vegetação local, que apresenta uma variedade bastante grande de plantas, mas infelizmente não vi muitas flores ao longo do percurso.


Vegetação local



A segunda parada foi no mirante da Cachoeira das Orquídeas. Essa cachoeira pode ser ponto de parada para mergulho tanto na ida como na volta. Nós deixamos para o final.

Mirante da Cachoeira das Orquídeas

Poço da Cachoeira das Orquídeas

Paisagem da Chapada Diamantina ao longo da trilha da Cachoeira do Buracão

Continuando a trilha, logo após nos depararmos com essa linda paisagem, tivemos que descer as escadas estilo Santos Dumont, que havia falado lá no início. Cada degrau é feito para pisar com um pé específico de cada vez, e isso otimiza o espaço e garante segurança. E alguns metros depois visualizamos a Cachoeira do Recanto Verde, que foi uma linda surpresa, porém nesta o banho não é permitido, então seguimos em frente.


Escada estilo Santos Dumont

Rochas ao longo do percurso
Pouco antes da Cachoeira do Recanto Verde

Cachoeira do Recanto Verde

A poucos metros da Cachoeira do Recanto Verde, seguindo por um trecho um pouco mais íngreme, mas não muito difícil, está o local onde deixamos nossas coisas, e onde pegamos os coletes de flutuação (de uso obrigatório) para iniciar o percurso por dentro da água até a Cachoeira do Buracão.


Nos preparamos e fomos pra água, que não estava tão gelada como imaginamos, e em seguida nadamos contra a correnteza (que não é muito forte) no meio do cânion em direção ao poço da Cachoeira do Buracão. Uma sensação incrível nadar entre paredões de rocha tão altos. Em alguns trechos mais rasos se recomenda cuidado, devendo-se colocar as pernas para cima para não machucar no contato com as rochas do fundo. O bom de nadar é que dá uma esquentada, já que depois de um tempo dentro da água, com o vento que forma dentro do cânion, vai congelando tudo.


Primeira vista da Cachoeira do Buracão

Chegando no Poço do Buracão, que não é pequeno, temos a primeira visão da cachoeira, e ficamos impressionados. Ela é enorme, e lindíssima. A quantidade de água que descia do alto dos seus 85 metros de altura era considerável, deixando o espetáculo ainda mais belo. As rochas dos desfiladeiros mostram dobras das camadas, e para os apaixonados por geologia, é uma maravilha.


Eu e meus irmão nadamos pela lateral direita do poço, margeando a borda do desfiladeiro até chegarmos próximo da queda d'água; não é difícil fazer esse percurso a nado, mas requer um pouquinho de preparo físico e atenção. Ali, tão perto da queda d'água subimos em umas rochas, e ficamos sentindo um pouco a água que caía do alto. Que sensação incrível, mágica!



Nadando pelo cânion para chegar à...

Cachoeira do Buracão

Nas rochas ao lado da queda d'água de 82 metros

Geologia. A rocha onde está inserida a Cachoeira do Buracão é um arenito pertencente à Formação Tombador, Grupo Chapada Diamantina (1.5 Ga.). Apresenta coloração rosada, e camadas submétricas cuja estratificação plano-paralela encontra-se bastante evidente. A presença de falhas pode ter ocasionado a deformação das rochas, e a presença de dobras mostra uma tendência compressional do ambiente, em rochas relativamente plásticas (dúcteis). A origem do cânion se deu ao longo de uma fala, e isso explica sua linearidade.


Fazendo pose nesse paraíso

Um registro no meio dos paredões de rocha do Formação Tombador

Literalmente dentro do cânion da Cachoeira do Buracão

Se você não quiser se molhar, ou tiver medo, é possível chegar até o poço da cachoeira sem entrar nas águas do Rio Espalhado, assim como fez Reis, que levou nossas câmeras para fotografar tudo. Inclusive ele foi fazendo fotos nossas pelo caminho. Muito legal! Para isso você fará o caminho que fizemos para voltar, já que estávamos com frio e não quisemos voltar nadando. Porém é preciso um pouco de coragem, pois terá que caminhar nos planos de acamamento das rochas, que as vezes ficam estreitos e temos que nos segurar nas estratificações de cima, além de atravessar uma passarela de madeira (uma tora) apenas com uma corda bamba em cima para apoiar a mão. Mas dá pra passar sem problema, é só seguir as instruções do guia.


Caminho de volta pelas rochas

Atravessando a passarela de madeira

Chegando onde estavam nossas coisas, devolvemos os coletes, e sentamos um pouco para nos recuperarmos de tanta emoção em conhecer um lugar como aquele, ainda mais com as aventuras de nadar e atravessar a passarela de madeira. Aproveitamos para lanchar e recuperar um pouco das energias, depois de caminhar, nadar, nos emocionar com tamanha beleza, e ainda teríamos a volta pela frente.


No caminho de volta paramos no ponto que é considerado o mirante do Buracão, de onde deitados nas rochas (por segurança) pudemos observa a vertiginosa queda d'água e o poço, vistos do alto, curtindo aquela vista linda. Que sensação maravilhosa, indescritível momento.


Mirante da Cachoeira do Buracão

Paisagem pelo caminho...

rochas, vegetação, céu...

Continuamos o percurso de volta e paramos para nos refrescarmos na Cachoeira das Orquídeas, antes de seguirmos para o trecho final do nosso passeio, já com saudade de todos os sentimentos ali experimentados, a energia da caminhada em meio à natureza e dos cenários tão paradisíacos, a emoção de nadar em meio ao cânions e conhecer cachoeiras deslumbrantes. Um passeio incrível, super recomendado!


Agora voltando, com o mesmo sorriso do começo

Cachoeira das Orquídeas
Banho na Cachoeira das Orquídeas

Mais registros do lugar...

simplesmente apaixonante

Curtindo um momento de paz e contemplação num lugar fantástico

Foram cerca de 3,5 km de trilha e pouco mais de uma hora para chegar até a Cachoeira do Buracão, fazendo poucas paradas, basicamente só para fazer algumas fotos. A volta foi um pouquinho mais lenta porque paramos mais vezes para fotografar e para o banho na Cachoeira das Orquídeas.


Na minha conversa com o guia Reis pelo Whatsapp, desde o começo, quando combinamos o dia do passeio, e valores (não tem choro, o valor tabelado é de R$35,00 por pessoa), ele já se mostrou muito atencioso. Uns dias antes entrou em contato e nos deu dicas do que levar, como tínhamos que nos preparar, levar lanche, água, protetor solar, chapéu, camisetas com proteção UV (se tivéssemos), usar tênis ou bota, entre outras coisas. É um super guia, recomendo.


Caminho de volta

Com direito a pôr-do-sol

Com relação ao clima da região, a temporada de chuva vai de dezembro a janeiro, coincidindo inclusive com a alta temporada da Chapada Diamantina, que vai até o Carnaval. Mas em tempos de mudança climática é melhor dar uma olhada na previsão, e se já estiver com o passeio marcado, é bom conversar com o guia, e ver da necessidade de levar capa de chuva, ou muito protetor solar.


Ao final do dia não sei o que foi melhor, esse passeio maravilhoso para a Cachoeira do Buracão, ou chegar em casa e ter esse jantar maravilhoso nos esperando! Um pernil de lamber os dedos (do que tem na foto deve ter sobrado 1/3) com uma cerveja gelada, não sei nem como agradecer o carinho desses nossos amigos Márcia e Rau, vocês foram maravilhosos. Muito obrigada por tudo, vocês foram perfeitos.

Jantar especial feito por nossos amigos Márcia e Rau

Nós ficamos hospedados na casa dos nosso amigos, mas se você for reservar uma pousada em Mucugê, não hesite em escolher a Pousada Garimpo da Terra (https://www.garimpodaterra.com/). Um lugar espetacular, sofisticado, muito limpo, organizado e com atendimento nota 10.



Recomendações:

  • Para esse tipo de passeio é sempre recomendado utilizar roupas confortáveis e sapatos adequados, pois o terreno é irregular e pode eventualmente causar quedas. Não esqueça a roupa de banho, será fundamental.

  • Se fizer calor e sol, proteja-se com protetor solar, óculos de sol e chapéu.

  • Lembre-se também de levar muita água, para o período que pretende ficar no passeio (se colocar a garrafa com um pouco de água no congelador no dia anterior, terá água fresca durante o passeio).

  • Aconselhamos levar sempre algo de comer, para repor as energias, de preferência que não suje o lugar, servindo de alimento para os animais (no lugar não existe nenhum tipo de serviço).

  • E mais importante, deixe o lugar limpo, recolhendo e levando consigo todo o lixo que produzir, e as vezes, se puder, até os que algumas "pessoas" possam ter deixado para trás.

  • E de lembrança, leve apenas fotografias. Nunca piche ou escreva, mesmo que seja desgastando apenas as rochas, são formações que levaram milhares de anos para se formar, e só estão assim bonitas durante sua visita, porque os visitantes anteriores a preservaram.

Manter este lugar mágico é responsabilidade de cada um!



Obrigada Chapada Diamantina e todas as pessoas que ajudam a preservar esse lugar maravilhoso!


Chris Busnello Fianco

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1 Comment


Rudi Busnello
Rudi Busnello
Dec 22, 2020

Incrivelmente lindo, o Brasil é lindooooo!

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