Família reunida depois de um bom tempo e queríamos aproveitar e conhecer um pouco mais da Bahia, então programamos uma viagem até a Chapada Diamantina, e depois seguiríamos até a Ilha de Boipeba, antes de voltar à Salvador.
Saímos de madrugada de casa em direção à Lençóis, na Chapada Diamantina. Não teríamos muito tempo e queríamos conhecer a maior quantidade de lugares que pudéssemos. O roteiro havia sido pesquisado levando em consideração a dificuldade dos passeios, tempo de visita, deslocamento, e apesar dos poucos dias que teríamos, tínhamos algumas metas, como ir a Mucugê visitar uns amigos, mas também conhecer Lençóis, que eu havia visitado a 20 anos atrás.
Com o carro relativamente cheio, já que a família estava completa e seriam 10 dias viajando, passamos direto pela entrada de Lençóis, seguindo pela BA-122, e fomos conhecer a Gruta da Lapa Doce, localizada no município de Iraquara, um dos principais sítios espeleológicos do Brasil. O acesso de carro não é muito bom, as estradas, principalmente as de chão, estavam esburacadas, e a sinalização não era clara.
Curiosidades. A caverna foi descoberta em 1986 em uma expedição franco-brasileira, por uma equipe conhecida como Grupo de Espeleológico do Estado do Ceará, e foi considerada na época a maior caverna do Brasil. Se diferencia das demais grutas da Chapada da Diamantina por ser arejada e na sua maioria plana. Com cerca de 25 quilômetros mapeados, até agora, a Gruta da Lapa Doce mantêm aberto para visitação apenas 850 metros. Não é uma caverna pequena, apertada, que possa causar uma sensação de claustrofobia, sua entrada tem 72 m de altura, e o caminho pelo seu interior é amplo, tendo seu maior salão 60 m de largura.
A visitação da Gruta da Lapa Doce é permitida com grupos de no máximo 12 pessoas, acompanhados de guias locais e com equipamento de segurança. O percurso total tem cerca de 2 km, sendo menos de 1 km dentro da caverna. O preço do passeio varia entre R$60,00 (individual) e R$30,00 (para mais de 3 pessoas), por pessoa. O guia é contratado localmente.
Estacionamos na lateral da casa onde é feita a recepção dos turistas, onde são vendidas as entradas e entregue as lanternas individuais. Ali tem banheiro, restaurante, umas mesas de madeira que ficam sob um umbuzeiro lindo, e é onde encontravam-se os guias que acompanham os passeios. Nos preparamos e a partir daí seguimos nossa guia. Peço desculpas, mas depois de mais de um ano, não lembro o nome dela. Mas acho que era a única mulher que estava no dia lá.
O caminho pela estrada de terra vermelha e vegetação rasteira, típica da caatinga semiárida, até chegar próximo da gruta não é longo, e logo que avistamos a entrada da gruta ficamos impressionados com seu tamanho. A trilha até a entrada da caverna não é difícil.
Logo que entramos na caverna já sentimos a necessidade de acendermos as lanternas, pois é uma escuridão um pouco assustadora no início. Mas em seguida os olhos vão se acostumando e a entrada da gruta logo some atrás de nós. Não demora e as belezas das estalactites e estalagmites se relevam magnificamente diante de nós pela gruta toda.
As formações espeleológicas (sendo as mais conhecidas as estalactites e estalagmites) de origem sedimentares são formadas pela precipitação lenta e contínua de carbonato de cálcio arrastado pela água que goteja do teto da caverna, sendo as estalactites às que tem origem no teto e crescem para baixo, e as estalagmites às que tem origem no chão e crescem para cima.
O passeio dentro da caverna dura cerca de 1:30, e vamos aproveitando cada minuto para apreciar o que a natureza levou milhares de anos para formar, desde a origem da caverna até essas formações calcárias maravilhosas que vemos hoje. Teve um momento que a guia pediu que apagássemos todos as lanternas, e ficamos lá na escuridão absoluta e num silêncio assustador curtindo um momento único em nossas vidas.
Quando chegamos próximos da saída da caverna sentimos um misto de satisfação, alegria, mas também um gostinho de quero mais, o passeio é tão emocionante que parece muito rápido, e sabendo que visitamos um nada do que já foi descoberto, ficamos imaginando as áreas que não pudemos conhecer.
Nesse passeio percorremos a caverna em um único sentido, ou seja, saímos por uma outra abertura na rocha, essa não tão grande como a primeira, mas ainda assim grande, onde não precisamos nos abaixar para passar em momento alguma.
O tamanho da Gruta da Lapa Doce impressiona, até mesmo a mim que já havia visitado uma série de minas subterrâneas grandes e profundas, mas algo tão natural, criado com tanta perfeição e sem a ação do homem, é algo memorável.
Seguimos até a recepção da Gruta da Lapa Doce onde devolvemos nossas lanternas, nos despedimos da nossa guia. Nosso primeiro passeio da viagem pela Chapada Diamantina e já ficamos apaixonados. Que experiência maravilhosa, que lugar deslumbrante e quantos anos de história geológica em um só lugar. Uma pena com tantos quilômetros de galerias subterrâneas mapeadas só podermos visitar um trecho tão pequeno, mas ainda assim, vale muito a pena.
No site oficial da Chapada Diamantina é possível ver fotos tiradas por fotógrafos, com iluminação especial, além de lugares dentro da gruta que são proibidos para visitantes como nós, inclusive existe um poço, Poço do Lima, que só descobri lendo a matéria. http://www.guiachapadadiamantina.com.br/conheca-o-poco-do-lima-na-gruta-da-lapa-doce/
Recomendações:
Para esse tipo de passeio é sempre recomendado utilizar roupas confortáveis e sapatos adequados, pois o terreno é irregular e pode eventualmente causar quedas.
Se fizer calor e sol, proteja-se com protetor solar, óculos de sol e chapéu.
Lembre-se também de levar muita água, para o período que pretende ficar no passeio (se colocar a garrafa com um pouco de água no congelador no dia anterior, terá água fresca durante o passeio).
E mais importante, deixe o lugar limpo, recolhendo e levando consigo todo o lixo que produzir, e as vezes, se puder, até os que algumas "pessoas" possam ter deixado para trás.
E de lembrança, leve apenas fotografias. Nunca piche ou escreva, mesmo que seja desgastando apenas as rochas, são formações que levaram milhares de anos para se formar, e só estão assim bonitas durante sua visita, porque os visitantes anteriores a preservaram.
Manter este lugar mágico é responsabilidade de cada um!
Seguimos nosso passeio de férias pela Chapada, nesse dia ainda fizemos outros dois passeios. Vamos?
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