Nossas férias na segunda quinzena de agosto de 2020 não foram muito planejadas, mas tentamos fazer um roteiro e definir pontos de parada, onde ainda encontrássemos hotéis, fossem ponto de interesse e principalmente de descanso.
Foram 15 dias de moto a partir de Castelldefels, com espaço apenas para levarmos o essencial, já que tínhamos apenas o maleteiro da moto e mais uma mochila, que no começo eu levava pendurada nos ombros, mas que após alguns dias resolvemos, felizmente, amarrá-la sobre o maleteiro.
Como nosso objetivo final era chegar até Málaga, o Roger lembrou de pesquisarmos se ainda tinham entradas para fazer o passeio do Caminito del Rey, e por pouco não ficamos sem os tickets, pois vários passeios já não tinham mais entradas. Mas felizmente conseguimos garantir nossa visita.
Outro passeio que o Roger lembrou que poderíamos fazer era visitar o Geodo de Pulpí. Descoberto em 1999 no interior de uma mina de prata abandonada, na província de Almería, é um dos maiores do mundo. Trata-se de uma cavidade de cerca de 11 metros cúbicos de volume, adornada de imponentes cristais de gipsita de quase dois metros de comprimento. Mas Infelizmente já não tinham mais datas para o mês todo.
No total nós percorremos cerca de 3.000 km, desde nossa partida, passeios, caminhos errados,... até nosso retorno para casa. Uma aventura que a princípio não sabíamos se aguentaríamos, pois para chegar até Málaga são cerca de 980 km, indo direto, mas que no final, tirando os últimos dois dias, foi muito prazerosa e divertida, apesar dos perrengues. E conseguimos fazer quase tudo que havíamos planejado.
O resumo do google maps mostra muitos dos lugares que visitamos nestas férias.
Na noite anterior à nossa partida preparamos sanduíches para levar e tentamos terminar as coisas que tinham na geladeira. Kkkk Preparamos um omelete com o que tinha e 9 ovos. Mas não conseguimos terminar, então ficou para o café da manhã.
Como as primeiras praias da viagem estão muito pertinho de casa, tentamos dar uma esticada e começar a perder mais tempo nas paradas mais distante, deixando Sitges por exemplo, para fazer em outra oportunidade.
Saímos cedo de casa para aproveitar ao máximo, e isso quer dizer curtir um lindo nascer do sol e a estrada com essa luz maravilhosa das manhãs. Mesmo que o sol tivesse atrás, a gente dava um jeito de tirar uma foto da moto para registrar tudo.
Uma das primeiras paradas foi a Punta de la Mora. Com uma pequena torre que acessamos entrando por dentro do camping. Aliás, os campings aqui estão com estruturas fantásticas, a pessoa não precisa nem levar barraca se não quiser, eles tem barracas prontas e de tamanhos variados, casinhas, entre outras estruturas, fiquei bem surpresa.
Depois partimos para Tamarit. Que lugar show. Pelo lado que chegamos, temos que fazer uma pequena trilha até chegar na praia, e também podemos ver a encosta do alto, caminhando pelas rochas junto ao mar.
A Cala Tamarit é pequena, e não tinha fiscalização de quantidade de pessoas, mas na areia as pessoas procuravam manter distância umas das outras. Ali as atividades são diversas. Como a maioria das praias daqui, esta não tinha ondas, então é muito propícia para ficar flutuando em boias gigantes, para remar, como muitos levam stand up paddle, ou mesmo caiaques, para fazer snorkeling, brinca nas cavernas que formam nas rochas, além de saltar das rochas. Foi ali que o Roger deu o primeiro salto, depois de uma certa insegurança, criou coragem e pulos de cerca de 5 metros de altura.
Ficamos ali um tempinho, além do salto, o Roger mergulhou pelas "cavernas" entre as rochas, mergulhou com snorkel para ver peixes e se divertiu. Foi ótimo, a água estava boa, e conforme o tempo passava a praia ía ficando mais cheia, então depois de recarregarmos as energias, seguimos viagem.
A próxima parada foi Tarragona. Eu tinha visto uma foto do anfiteatro romano perto do mar e queria estar lá. Uma pena essas grades de proteção para atrapalhar a foto, mas o lugar é lindo, imagino num dia de sol. Aproveitamos para dar uma caminhada pela região para esticar as pernas e fazer um lanche.
Algumas paradas não tenho muito o que contar, elas foram realmente apenas para descansarmos e esticarmos as pernas, para seguirmos até os próximos objetivos, mas com suas belezas não poderiam ficar sem um registro. Esse foi o caso de Calafat, Saint Jordi d'Alfama e Cala Forn.
Na Platja del Forti, em Vinaròs, fizemos mais uma parada para descansar. A praia é linda, e neste canto da praia, onde tem uma barreira de proteção, a água tinha uma cor linda. Além dos bancos dispostos ao longo do calçadão, onde podemos sentar para relaxar e apreciar tal beleza.
Como as possibilidades de hospedagem disponíveis em Peñíscola estavam muito caras, já que os hotéis que estavam abertos, com essa pandemia, estavam quase todos lotados, acabamos pegando uma opção em Banicarló, que fica ao lado. A princípio tivemos certa dificuldade de encontrar a pousada, o "google maps" não nos levava no lugar certo, tivemos que entrar em contato com a pousada e ela mandar a localização atual para por fim conseguirmos chegar.
A Pensión Casa Mika fica super bem localizada, e está muito bem preparada. Ficamos num quarto que tinha até cozinha, era como se fosse uma casa completa de um quarto. Além do mais, a recepcionista foi super simpática e atenciosa, além de fornecerem um kit com máscaras descartáveis.
Chegamos relativamente cedo, aproveitamos para tomar um banho e seguimos para Peñíscola, para conhecer uma das regiões litorâneas mais conhecidas entre os Madrilenhos. Era mais ou menos 6 horas da tarde e a praia estava lotada.
A cidade medieval, e uma das três cidade pontifícias, assenta o Castelo do Papa Luna sobre as rochas e antigas fortificações mouras, guarda segredos da ordem dos Templários, se fazendo imponente e visível de longe. O castelo oferece visitas guiadas teatralizadas, levando a uma viagem no tempo. Uma curiosidade é que Peñíscola foi escolhida para fazer parte de uma das temporadas de "Game of Thrones", gravada em 2015.
Não perdemos tempo passeando na cidade, e fomos direto para o castelo. Estar de moto nos facilita estacionar em muitos lugares, já que muitas vezes é permitido inclusive estacionar sobre as calçadas, e conseguimos estacionar no pé do castelo.
Dentro das muralhas existe uma infinidade de coisas, desde hotéis, restaurantes, lojas, entre outras coisas, isso tudo distribuído em lindas construções que vão até o castelo em si.
A noite a iluminação garante um charme a mais, e deixa tudo parecendo mágico. Uma delícia para passear e aproveitar cada momento.
Despois desse passeio incrível faltava só jantarmos para encerrarmos com chave de ouro nosso primeiro dia de férias, e fomos comer no Restaurante Passión por el Pulpo. A cerveja estava realmente gelada, e o polvo macio que chegava desmanchar. Uma delícia.
Segundo dia de férias
Depois de uma boa noite de descanso, saímos para procurar uma padaria ou algum lugar que servisse café da manhã. Era cerca de 7:15 da manhã, mas os primeiros lugares que vimos estavam apenas começando a abrir. Ficamos caminhando pelo centro de Benicarló, a cidade é uma gracinha. Não podemos nem contar com os super mercados, que abrem somente as 9 horas. Encontramos uma padaria aberta perto do mercado municipal, mas com coisas do dia anterior, nada fresco.
Partimos então em direção ao novo destino do dia: Valência! Com algumas paisagens lindas e paradas estratégicas para descanso...
A princípio tínhamos escolhido algumas paradas sem muito critério, e conforme fomos conhecendo, descobrimos que as melhores praias para parar não ficam perto das cidades, e que as calas são sempre mais charmosas. (Calas são como enseadas. Reentrâncias aberta da costa em direção ao mar, geralmente limitada por dois promontórios. Tem dimensões menores do que praias.)
A Cala preferida do segundo dia de viagem fica entre Nules e Moncofá, mais uma vez ao lado de um camping, sem sinalização nenhuma, e pelo que perguntamos, inclusive sem nome. Vimos uns 3 carros parados perto da estrada e resolvemos parar, pois a cor da água era sensacional olhando de longe.
Para nossa surpresa tinham pouquíssimas pessoas na praia, formada quase exclusivamente por pedras, com água límpida e cor turquesa. Um espetáculo, porém sem sombra alguma, já que a vegetação por aqui é mais rasteira, de clima árido. Como não carregamos guarda-sol, não ficamos muito tempo, mas o suficiente para aproveitar essa maravilha.
A chegada em Valência já surpreende, e logo nos deparamos com o complexo arquitetônico e cultural de Valência, a Ciudad de las Artes y las Ciencias, que é um espetáculo. Formado por museus, planetário, cinema, aquário oceanográfico, casa de óperas e teatro, espaço com plantas selvagens, entre outros, contempla uma grande variedade de atrações e entretenimento.
Depois de caminhar e passear pela Ciudad de las Artes y las Ciencias fomos pegar a moto para procurar um lugar para jantar. Enquanto falávamos com nossos pais e irmã no Brasil pelo Whatsapp, e decidíamos onde comer, fomos atacados por mosquitos... eram muitos, mas conseguimos sair ilesos depois de matar alguns tentando nos picar. Foi uma correria louca, entre soltar capacete, guardar cadeado de capacete, colocar capacete, e sair... Ufa!
Acabamos indo para na primeira opção que apareceu, pois só queríamos sair do ataque dos mosquitos, mas foi uma deliciosa experiência. Um restaurante de cortes argentino (restaurante Gordon 10) com ótimo atendimento, opção variada de boas cervejas, excelente comida e com preço bom. Tudo ótimo, até o "chupito" que ofereceram na saída.
Depois fomos descansar para enfrentar a maratona do dia seguinte...
As estórias deste post correspondem aos dois primeiros dias das nossas férias de moto pela Espanha em 2020. 15 e 16 de Agosto.
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