Sexto dia
Já na estrada, nossa primeira parada foi na Playa del Mojon. O dia ainda não estava bonito, tinham muitas nuvens, e o calor estava ameno. Ainda era cedo para os espanhóis, e não tinha quase ninguém na praia. Logo voltamos para a estrada para chegar ao próximo destino, as Gredas de Bolnuevo.
Bem em frente à maravilhosa formação geológica Gredas de Bolnuevo tem uma grande área de estacionamento de chão batido, que as pessoas utilizam para deixar os carros tanto para visitar este ponto turístico como para ir à praia que está em frente.
Curiosidade: A abertura do Estreito de Gibraltar no Plioceno foi fundamental na formação da morfologia do litoral banhado pelo Mar Mediterrâneo, permitindo a entrada de águas do Oceano Atlântico, e consequente elevação do nível do mar (transgressão marinha), afetando o lugar onde encontram-se as Gredas de Bolnuevo. As correntes marinhas arrastavam e depositavam diversos materiais que foram sedimentados e compactados até criar uma plataforma marinha que correspondem com os materiais amarelados que vemos hoje em dia.
A movimentação das placas tectônicas e as mudanças climáticas, ao longo dos anos, ocasionou uma regressão marinha, fazendo emergir novamente a superfície as rochas que formam as Gredas de Bolnuevo. Já do período Quaternário são as rochas continentais de colocação avermelhada, procedentes da Serra das Moreras, que foram arrastadas por paleocanais e depositadas na região. As lindas formas que vemos hoje foram criadas por erosão diferenciada produto de sucessivas flutuações do nível do mar, e a intensa ação do vento e das águas.
O estacionamento estava praticamente vazio, deveriam ter uns 3 carros estacionados no total, sendo um deles um furgão. Querendo deixar a moto na sombra, como sempre, o Roger não atentou para a única poça d'água que existia em todo o espaço, e ao tentar colocar a moto na sombra do furgão, enlameou todo o pneu traseiro da moto, e depois outras partes dela, pois como o sedimento era muito fino, uma argila, ficou grudado no pneu e depois raspou em algumas outras partes da moto. Enfim, a moto ficou toda suja, tiramos até uma foto para registrar. kkkk
Tentamos seguir em frente, pelo litoral, mas as calas que tínhamos visto para visitar, e que não sabíamos que eram nudistas, estavam em um acesso não muito bom, com estrada de chão, e não seguimos em frente.
Sempre buscávamos estradas que passassem perto do mar, assim poderíamos ir parando e conhecendo as praias e calas, pontos que não estava programados, mas nem sempre era possível. Como no caso do caminho entre Bolnuevo e Cabo Cope, onde a estrada que pensávamos em seguir era de chão, e mudamos de planos e voltamos um trecho para pegar a estrada de asfalto.
Ao longo do caminho até o Cabo Cope vimos uma infinidade de plantações, sempre fechadas dentro de estufas ou estruturas que garantam maior proteção para as plantas e facilidades para os agricultores, não conseguíamos ver nem o que estava plantado. As plantações estavam nas áreas planas, nas encostas do morros, para todos os lados, é impressionante. Outra coisa que chama a atenção, é que a vegetação é seca, então não são regiões que tenham muita precipitação, além do solo ser pedregoso.
Como mencionei acima, as precipitações no Parque Regional Calnegre e Cabo Cope são escassas, mas a influência do mar e um relevo peculiar formam um espaço de grande valor paisagístico e ambiental, tendo sua área reconhecida como Zona de Especial proteção para as Aves (ZEPA) e Lugar de Importância Comunitária (LIC). Uma região com diferentes ambientes, como praias, dunas, pântano, montanha e penhascos.
Ao chegarmos ao Cabo Cope, a primeira praia que paramos foi a PLaya de la Fuente de Cope, onde está construída a Torre de Cope. O tempo não estava muito bom, mas fazia calor. Subimos as rochas na lateral da praia para admirar a paisagem do alto. Daqui é possível observar uma boa parte do litoral do Parque Regional Calnegre.
Curiosidade: Entre os séculos XVI e XIX, o Cabo Cope foi cenário de saques, sequestros, troca de reféns e até assassinatos. Os protagonistas destas ações foram piratas e turcos, que encontraram aqui um bom ancoradouro e a oportunidade de estocar água. Por isso, em 1570, durante o reinado de Felipe II, foi construída a Torre de Cope, para proteger os criadores de gado, pescadores e as armadilhas que se esconderam aqui. A edificação sofreu várias avarias e concertos ao longo dos anos.
Quando olho as fotos agora, vejo as coisas muito diferentes de quando estávamos lá durante a viagem. Desta foto com vista panorâmica do alto da serra do Cabo Cope, agora vejo onde chegamos, Playa de la Fuente de Cope, a primeira praia do lado esquerdo da montanha que vemos na imagem. Agora vejo como deveria ser bonito ter percorrido algumas dessas outras praias que vemos na foto e que estavam indicadas na placa do Parque. Mas na hora de decidir conhecer a região ou ir em frente, pois esse seria um caminho que teríamos que ir e voltar pela mesma estrada, decidimos continuar viagem.
Além de termos que fazer o caminho de ida e volta, acho que o tempo, que não estava muito bom, ajudou na decisão de seguir viagem até a próxima parada, nosso paraíso do dia, a Playa de los Cocedores, com Playa la Calorina e Cala Cerrada.
O estacionamento de chão batido estava bastante movimentado, e achamos um cantinho para deixar a moto. Nem sabíamos qual das duas praias era melhor, mas como paramos mais próximo da Cala Cerrada, fomos ali mesmo.
Chegando próximo da areia, tinham os fiscais que monitoravam a quantidade de pessoas na praia, e como éramos apenas dois e ainda tinha espaço, nos indicaram onde deveríamos ficar. Era um cantinho bem tranquilo do lado direito da praia, quase não tinha ninguém, e a vista era encantadora. Deixamos as coisas e fomos dar uma caminhada, na verdade, subir as rochas para ver a vista do alto.
Essas subidas pelas laterais das calas, ainda mais com o calor que fazia, as vezes são cansativas e dão um trabalhinho, mas sempre valem a pena. Que maravilha, que vista, que paisagem... A região é encantadora, e nem tínhamos reparado antes de subir como a praia que escolhemos ficar era bonita, com água transparente e de um azul luminoso.
No lado oposto de onde sentamos na praia, haviam umas cavernas, e claro, fomos conhecer. Eu fui caminhando pela praia, enquanto o Roger foi mergulhando. São pequenas cavernas, algumas delas com grades na entrada, mas estavam todas abertas. Entrei em algumas, enquanto o Roger não chegava, umas eram um pouquinhos maiores, com mais de um cômodo, outras muito pequenas, basicamente um corredor. Infelizmente havia sujeira em algumas delas, e em uma alguém deve ter usado como banheiro, pois o cheiro era insuportável. Lamentável o que o ser humano é capa de fazer, o cuidado que tem com a história e com o que não é seu...
Depois de curtirmos um tempinho a Cala Cerrada, seguimos viagem até o Cabo de Gata. Havíamos programado conhecer duas praias nessa região, mas a estrada era de chão, e havia bastante movimento, inclusive algumas pessoas que estavam de carro, estavam estacionando bem longe das praias, pois estas já estavam lotadas. De moto conseguimos passar, e fomos até a Playa de los Genoveses. Uma praia mais comum, e depois da última parada (Cala Cerrada) não nos encantou muito. O calor estava muito grande, e como não tinha sombra, apenas olhamos, tiramos fotos, enquanto lanchávamos um salgadinho, e pegamos a estrada novamente.
Agora tivemos que voltar um trecho pela estrada de chão, para depois pegar o asfalto e seguirmos em direção à Almería, nosso destino do dia. Pela estrada, nessa região, me lembro de termos passados por muitas plantações também. Apesar de em alguns dias o trecho percorrido não ser muito longo, a viagem de moto é bastante cansativa, pois os dois temos que estar atentos o tempo todo, e tem o sol castigando sem trégua.
Foi mais um ótimo dia de férias e de lugares fantásticos que conhecemos...
Vamos continuar nossas histórias e aventuras nos próximos posts, venha conosco, temos muito lugares lindo ainda para mostrar.
Comments