top of page
Foto do escritorchrisbusnellofianco

Férias IX - Granada

Décimo dia


A viagem entre Málaga e Granada não teve nada de mais, nem fotos para registrar as paradas tivemos. Foi uma viagem meio que direta, aliás, as vezes mais do que gostaríamos, pois quando estava dando nosso tempo de parada, quem disse que encontramos posto de combustível? Nada, e quando veio a placa informando a distância para o próximo posto, estaríamos muito perto da cidade já, então seguimos para aproveitar o dia ainda em Granada.


Logo que chegamos fomos procurar o hotel. O Roger parou na sombra de uma árvore e fui em direção à porta. Estava fechada! Mas tinha um papel colado dizendo que haviam mudado de endereço. Achamos estranho, eles poderiam ter mandado um e-mail com o endereço novo, mas ok, fomos até o novo local, e estava super bem localizado, em frente à Plaza Isabel la Católica.


O prédio onde está instalado o Marquis Hostal Issabel's abriga vários segmentos, acho que inclusive residencial, tem dois restaurantes no térreo, e um lado parecia ter sido reformado e estar funcionando como o hotel. Me parece que eles haviam se mudado recentemente para este endereço, pois nem a recepção estava pronta, era meio improvisada com um púlpito perto da escada e do elevador. O quarto estava super charmoso e aconchegante, o banheiro era enorme e bonito. Tinha roupões e chinelos disponíveis, e estava tudo muito limpo.

Plaza Isabel la Católica

Caminhamos ao redor do hotel, primeiro para o lado mais moderno da cidade, onde as construções são típicas espanholas, as lojas modernas, restaurantes, sorveterias e bares estilo europeu, e eventualmente alguma coisa que remetia ao mundo árabe perdido por aqui. Passamos pela catedral, que estava fechada para visita a hora que fomos, pela prefeitura, e outras ruas centrais.

Catedral de Granada

Edificações medievais pelas ruas




Uma certa mistura de estilos...


Mas pelo centro, predominando o moderno.

Plaza del Carmen e o Ayuntamiento de Ganada




Curiosidade: A comunidade da Andaluzia, localizada no sul da Espanha, é dividida em oito províncias, e engloba três regiões que visitamos, Málaga, Granada e Almería. Sua história é bastante longa, sendo os primeiros moradores da região do período paleolítico, passando por povos fenícios, gregos e cartagineses. Os romanos dominaram a região até a chegada dos visigodos, que permaneceram até a chegada dos muçulmanos em 711, vindos do norte da África e Próximo Oriente.


Os árabes invadiram e dominaram a Península Ibérica por oito séculos, se expandindo, e encontraram resistência apenas nas Astúrias, onde os visigodos se refugiaram em cavernas nas montanhas. Por vezes estes desciam das montanhas para atacar acampamentos islâmicos, ou aldeias despovoadas, e um desses ataques (Batalha de Covadonga) marcou o início o processo que durou toda a Idade Média, conhecido como Reconquista, terminando em 1942, quando os muçulmanos foram definitivamente expulsos pelos reis católicos, Fernando e Isabel.


Com tão longo domínio, os árabes deixaram marcas na população e cultura andaluz, influenciando a maneira de vestir, comer e pensar, muitas rádios são árabes, e algumas palavras de origem árabe foram inclusive incorporadas ao dicionário espanhol. O reinado islâmico na Europa foi uma rara união entre o Oriente e Ocidente, sendo, talvez, o único momento de harmonia entre muçulmanos, judeus e cristãos na história.


Escrevo isso tudo, porque realmente notamos essa influência quando andamos pelas ruas da Andaluzia, mas principalmente, quando em Granada caminhamos pelo Albaicín. Segundo o Wikipédia, Albaicín significa um bairro em altura, com povoamento peculiar desvinculado do resto da cidade, aqui fortemente dominado pela comunidade árabe.


Caminhar pelas ruas do bairro, com tantas pessoas falando em árabe, e vendo coisas de origem e tradição daqueles países, desencadeou uma vontade enorme de comer um quibe cru e tabule. Fomos em busca de um restaurante então que tivesse esse cardápio para nos oferecer. Andamos um pouco analisando os menus e opções que tinham alguns restaurantes do bairro, mas estava difícil encontrar o quibe. Até que vimos as fotos de pratos do Palmira Siria, e pensamos ter encontrado, finalmente.


Ao entrarmos, as mesas baixinhas, com banquetas e um banco enorme junto à parede, aquelas tradicionais luminárias árabes coloridas que encontramos vendendo em feiras internacionais iluminando o teto, tudo remetia às tradições do mundo árabe. Perguntamos para a garçonete, uma menina muito nova que provavelmente trabalha no restaurante familiar com pais e tios, se o quibe era cru, e ela disse que sim. Porém quando a comida foi servida, surpresa, o quibe era frito. Ok! Pensamos, melhor assim, não corremos o risco de passar mal se a carne não for de boa origem. A comida estava gostosa e bem servida. O preço barato.

Restaurante - teteria Palmira Siria

Comida de origem síria

Subir pelas ruas tranquilas do bairro Albaicín é uma delícia. Fomos em busca do Mirante de San Cristóbal, e como fazia muito calor, tentando sempre caminhar pela sombra, ainda mais porque é quase o tempo todo subida. A arquitetura é uma mistura do estilo moderno espanhol com desenhos que remetem ao mundo árabe.

Ruas do Albaicín



Detalhes das construções no Albaicín



Finalmente chegamos no mirante que dá vista para quase toda a cidade. Meio descabelados, com calor, mas felizes de poder admirar tudo do alto. As muralhas imponentes e bem preservadas da Alhambra e Alcazaba ficam bem em frente ao mirante de San Cristóbal, uma maravilha poder disfrutar desse momento num dia tão lindo de sol.

Vista do mirante de San Cristóbal



Do mirante de San Cristóbal vemos as muralhas antigas que delimitam a Alcazaba

Descendo do mirante em direção ao centro da cidade, de repente olho para o chão e vejo figos caídos. Quando olho para a árvore, vejo muitos deles maduros, e a meia altura. Pegamos um e experimentamos, uma delícia, muito doce e saboroso. Como não tínhamos nenhuma sacola a mão, e minha bolsa era pequena, só pegamos o que conseguimos carregar nas mãos, o que infelizmente não foi muito, mas aproveitamos. O quilo do figo nos supermercados que encontro por aqui custa geralmente mais de €6,00, bem carinho, então melhor aproveitar assim, de graça.

Colheita de figos no meio do Albaicín

Passamos no hotel a tarde para tomarmos um banho e descansarmos um pouquinho antes de sairmos para o segundo turno do dia, com destino à Alcazaba/Alhambra.


A Alhambra, principal construção árabe da cidade, é um complexo monumental sobre uma cidade palatina andaluz, e consiste de um conjunto de antigos palácios, jardins e fortaleza (Alcazaba), inicialmente para abrigar o emir e a corte do reino nazari, e mais tarde como residência real catalã. Abriga um museu de arte andaluz, a pinacoteca principal da cidade e um antigo convento convertido em hotel.


Mais um subida, agora começando entre ruas estreitas até chegar no portão principal de entrada da Alhambra. Aqui não é preciso pagar, e você se depara com uma estrada e calçadas cercadas de muita vegetação. Só para variar, não tínhamos estudado nada sobre o passeio, e fomos seguindo, desbravando. Sentimos falta de placas de sinalização, e fomos escolhendo caminhos, as vezes seguindo outras pessoas que passavam por nós. Aliás, caminhar na hora da siesta espanhola é muito bom, pois as ruas e passeios estão quase desertos.


Rua que dá acesso à Alhambra

Um dos portões de acesso à Alhambra

Trecho de subida bem arborizado

Parte da Alcazaba, e Puerta de la Justicia

Palácio de Carlos V

Puerta del vino



Igreja Santa Maria da Alhambra




Dentro da Alhambra

Palácio Carlos V e Igreja Santa Maria da Alhambra

Fontes da Alcazaba

A entrada para a Alhambra custa cerca de €15, e pode e dever ser adquirida com antecedência pela internet, pois o número de pessoas é limitado por hora.


Depois que descemos da Alhambra, fomo caminhar ao longo do Rio Darro, que fica entre a Alhambra e o Albaicín. Passamos primeiro pela Plaza Nueva onde fica o prédio Real Chancellería e a Igreja Santa Ana. Depois fomos passeando, e por curiosidade vimos um passeio gratuito pelo Museu Patio de los Perfumes. Algo diferente, pois vc entra pela loja, acessa o pequeno museu que fica no subsolo (foto), e na parte de cima tem acesso a uma área com diversas plantas que são utilizadas na fabricação de perfumes, tipo uma mini praça. Rapidinho conhecemos e seguimos em frente, os perfumes eram caros, orgânicos.

Real Chancillería

Igreja Santa Ana

Museu Patio de los Perfumes

Vista da Torre de Colmares e do Peinador de la Reina, na Alhambra

Passando em frente à La Españolita vi uma placa falando em experimentar "pionono", um doce típico de Granada. Como estava na hora do lanche, despertou um interesse, então fomos conhecer e provar essa delícia andaluz. Aproveitei e tomei junto um café expresso, enquanto conhecíamos a loja que oferecia muitos produtos produzidos na região: mel, geleias, azeite, queijos, presuntos, vinho e cervejas. Ficamos com vontade de comprar algumas coisas, mas sabe como é bagageiro de motociclista? Não cabia mais nada...


La Españolita, loja onde provamos o pionono, e que oferece muito produtos locais

Seguimos até o Paseo de los Tristes, onde na praça existem vários bares, e que um pouquinho mais tarde deveria ficar cheio, pois o movimento de pessoas subindo do centro nesse sentido era bastante grande. Não pude deixar de fazer uma foto como o famoso dançarino Mario Maya, com a Alhambra ao fundo. Foi divertido.

Escultura do dançarino Mario Maya

Depois de tantas andanças era hora de jantar, e são muitas as opções novamente, algumas já lotadas, então sentamos no Bar Monti II. Pedimos nosso já tradicional jantar, cerveja com tapas. O lugar era super agradável, e novamente quando você pede uma bebida, pode pedir gratuitamente um tapa. Adoramos esse esquema, já que como não comemos muito, com duas bebidas cada, já estamos satisfeitos. O atendimento foi muito bom, e o preço barato.


Tapas no Bar Monti II

De "sobremesa" um bocadillo com geleia e queijo

Depois dessas delícias gastronômicas, hora do merecido descanso, e aproveitamos bem as ótimas instalações do nosso hotel. A noite foi ótima e acordamos revigorados. Hora de tomar o café da manhã e pegar a estrada.


O café da manhã foi algo espetacular, servido no restaurante que fica junto ao hotel, chamado Wild Food. Você recebe um cardápio onde escolhe a bebida (chás ou cafés), escolhe um smoothie ou suco, um prato quente (omeletes, sanduíches, etc) e para terminar frutas, cereais ou iogurte. As opções são ótimas e até demoramos para escolher. Tudo meio natural, com opções de leites diferenciados, entre outras coisas. O Roger para variar queria o que de mais diferente existia no cardápio, e teve dois não como resposta, tendo que escolher outras opções.


Não sei nem o que falar, foi tudo maravilhoso, muito bem preparado e bem servido. Não queríamos desperdiçar nada, pois estava tudo saborosíssimo, mas quase saímos passando mal, de tanto comer. Queria ficar mais um dia aqui só para poder ter essa experiência novamente.


Café da manhã do Marquis Hostels Issabel's, servido no Wild Food.


Nos preparamos e partimos, agora em direção à Murcia.



Vamos juntos???

Posts recentes

Ver tudo

1 Comment


Rudi Busnello
Rudi Busnello
Oct 27, 2020

Não tem o que falar Chris, é tudo fantástico, maravilhoso e delicioso!

Não sabemos o que é melhor, cidades praias ou as comidas!!!!!

Vá em frente estamos adorando esta viagem!

Beijos para vocês dos vovis com muito amor!!!!!

Like
bottom of page