Sétimo dia
Em Almería ficamos hospedados no Albergue Inturjoven Almería. Um albergue enorme que exige carteirinha de alberguista, e caso você não tenha, terá que desembolsar €2,00 por pessoa a mais, como nós, ou fazer a carteirinha (€10,00). Tinha toda uma sinalização para entrar e sair do edifício, além do que, no nosso check-in já fomos informados da hora que deveríamos tomar café da manhã e a mesa em que sentaríamos. Tudo muito organizado e sinalizado, seguindo normas de prevenção contra o Covid-19.
O quarto era razoável para duas pessoas, mas as camas e travesseiros muito bons. A roupa de cama estava toda ensacada e deveríamos deixar do mesmo jeito antes de sairmos. O banheiro, no quarto, como não tinha janela ou qualquer outro tipo de ventilação, tinha uma fresta de uns 15 cm na parte inferior da porta. Durante o banho não é um problema, mas na hora que algum dos dois vai ao banheiro, é melhor o outro ir dar uma volta. kkkk
O Roger se organizou primeiro, pois queria dar uma passada na loja de serviços da Honda, para fazer uma manutenção preventiva que haviam sugerido quando fez a revisão geral antes de sairmos de viagem. Enquanto eu me arrumava ele foi, mas não conseguiu resolver, a loja estava aberta, mas a parte de serviços, quando ele chegou, já estava fechada.
Sempre que possível deixávamos a moto no hotel e saíamos a pé para ir conhecendo a cidade e para jantarmos. Fomos em direção à orla, e lá acabamos parando em um restaurante italiano chamado La Trattoria del Mar. Pedimos uma cerveja gelada para matar a sede e apreciar a paisagem, já que sentamos em uma mesa com vista para o calçadão e o mar, e para comer uma deliciosa pizza. Caminhamos mais um pouco, já estava mais fresco, tinha bastante vento, e voltamos para o albergue para descansarmos.
Pela manhã, no horário marcado nos dirigimos ao refeitório, e sentamos na mesa que havia sido indicada. Haviam poucas pessoa ainda, se não me engano eram 8 horas da manhã. Pudemos nos servir da bebida, e algumas outras coisas como manteiga, geleias, azeite, etc., essas coisas que vem embaladas individualmente. De resto tinha uma pessoa que nos servia conforme íamos escolhendo, pão, bolo, frutas, frios, além de iogurte com granola. Estava tudo muito gotoso e bem servido.
Com as coisas todas no bagageiro, passamos na Honda para fazer o serviço de manutenção, que foi rápido, e seguimos para conhecer alguns lugares da cidade. Fomos para o centro, e ao Castelo de Alcazaba, que fica ao lado. Caminhamos por algumas ruas e pela Praça da Constituição de Almería, tudo muito limpo e organizado.
A Alcazaba, Castelo e Muralhas de Cerro de San Cristóbal da cidade de Almería é um dos conjuntos arquitetônicos monumentais e arqueológicos andaluzes mais importantes da península ibérica, sendo considerada a segunda Alcazaba árabe mais extensa da península ibérica. Com quase mil anos de história, permitiram conhecer a evolução da arquitetura civil e militar durante o domínio árabe, devido à sua construção em diferentes fases e épocas, como o castelo e muralhas da época baixo medieval cristã (séculos XV-XVI); assim como a origem e evolução da cidade, contabilizando o castelo, a alcabaza conservada, e o resto das muralhas exteriores.
A Alcazaba é uma fortaleza com muralhas de mais de 3 metros de largura e 5 metros de altura formando um lugar fechado sobre si mesmo, mas conectado com a muralha, que configuram e dão sentido ao seu desenvolvimento. A Alcazaba-Castelo está conectada ao sul com a cidade e ao norte com o Cerro de San Cristóbal.
Não é preciso pagar para entrar, e só nos foi recomendado que usássemos as mascaras o tempo todo e mantivéssemos a distância das outras pessoas. Para chegar até o topo da Alcazaba, temos que percorrer um circuito de subida, com muitos degraus, com jardins super bem cuidados e bonitos ao longo de quase todo o percurso. Tinham poucas pessoas, talvez por causa da hora, que ainda era cedo. Em alguns momentos parávamos para tirar fotos, mas também para aproveitar a sombra e o vento, pois apesar de cedo, já fazia bastante calor.
Seguindo viagem em direção à Málaga, mas logo após Almería, começa uma região de plantações gigante. Eu já tinha comentado em um post anterior sobre áreas de plantação aqui na Espanha, sobre o solo ser rochoso, o clima árido, o relevo montanhoso, mas ele de alguma forma conseguem superar todos os percalços e cultivam de tudo, em algumas áreas como aqui, com dossels fechados. O cheiro de adubo ("esterco"?), não só aqui, mas por todos os lugares onde tem plantações é horrível, quando entrava dentro do capacete até sair era triste.
As estradas sempre muito bem conservadas, sem remendos, sem buracos, sem solavancos quando entramos ou saímos de uma ponte ou viaduto, bem sinalizadas e com vistas lindas deixam a viagem mais tranquila. Na Espanha não pegamos nenhuma autovia sem limite de velocidade, aqui muitas delas são limitadas a 120 km/h, as vezes menos. E também evitamos as estradas pedagiadas, uma vez que o objetivo era conhecer, e não chegar rapidamente a algum destino específico.
Como quase todos os dias da nossa viagem, mais uma vez compramos saladas prontas no supermercado, um suco e mais alguma coisinha para comermos em alguma sombra que encontramos no caminho.
Em Castell de Ferro mais uma parada para esticar as pernas. A praia é artificial, com palmeiras e barzinhos, bem organizada. Com britas, tem o formato de pequenas calas com barreiras de rochas tipo gabião que adentram ao mar. Não foi uma parada que tenha desencadeado uma vontade de ficar e tomar banho, então vamos em frente...
Qualquer indicativo de que pudéssemos encontrar uma boa vista era motivo para pararmos, e assim íamos viajando, e olhando ao redor... No meio de uma serra, refúgio para carros, é sinal de mirante, e muitas vezes damos uma conferida. Nessa parada o Roger até deu uma escalada para tentar ver melhor o mar, pois o penhasco era grande, e não conseguíamos ver se chegava a formar uma praia no pé da montanha. Enquanto ele perambulava pelas rochas, eu fiquei por ali no estacionamento, e vi pararem dois carros para picharem essas muretas de contenção. Eles nem se importaram com a minha presença, e seguiram em frente.
De repente um refúgio para carro bastante movimentado no meio da serra, e paramos mais uma vez. Do mirante dava para contemplar a Playa de la Rijana, um espetáculo. Resolvemos que ali sim iríamos parar e tomar um banho, só precisávamos descobrir como chegar até ela. Seguimos mais uns 300 metros e vimos o estacionamento oficial da praia, do outro lado da estrada. Não era muito grande, e então percebemos que alguns dos carros que estavam estacionados no refúgio onde paramos, eram de pessoas que estavam na praia.
Deixamos a moto estacionada bem ao lado da estrada que dá acesso à praia, mas que é fechada para carros de visitantes. Descemos a pé, e passamos por baixo de dois viadutos, para finalmente chegar ao nosso paraíso do dia.
Ao chegarmos, vimos que havia uma pequena árvore, e sombra, mas já tinha um casal sob ela. Contudo, ainda tinha espaço para nós, e perguntamos se eles se importariam que ficássemos ao lado. Como não, nos acomodamos e ficamos curtindo essa maravilha da natureza. Lanchamos, descansamos, nos refrescamos, foi tudo ótimo. Até um picolé compramos na lanchonete que tinha lá, e que não aceitava cartão.
Pela estrada avistamos a Playa de la Conejitas, que ficava na base de um penhasco, mas apenas admiramos a paisagem do alto, e seguimos em frente.
Mais uma vez as opções de hospedagem perto da praia ou estava esgotadas, ou mais caras do que gostaríamos de pagar, então acabamos conhecendo Motril. Uma cidadezinha pequena, porém muito charmosa. Ficamos hospedados num hostel modesto, mas confortável, com um banheiro grande, perto do centro, chamado Hostal Tropical.
Caminhamos no final da tarde enquanto buscávamos onde iríamos comer. Passamos por um calçadão super bacana, com vários restaurantes, mas eles só abririam mais tarde para jantar. Continuamos passeando e conhecendo a cidade, até que encontramos um restaurante que estava aberto e parecia gostoso, Stilo Costa.
Não sabíamos como funcionava o serviço, e pedimos duas cañas (copos de cerveja) e um atum. Mas analisando melhor o cardápio depois, perguntamos para a garçonete o que eram os pratos que não tinham preço, ou que tinham +0,50, por exemplo. E ela explicou que quando você pede uma bebida tem direito a pedir um tapa gratuito, ou uma dessas outras opções que tem um custo agregado, mas é pouco. Então acabamos pedindo outras opões gratuitas para experimentar.
A comida estava bastante saborosa, e conforme o tempo ía passando, o restaurante, com mesas na praça ía ficando mais cheio, assim como os outros que ficavam na mesma praça. Infelizmente tinham muitas moscas, mas no final deu tudo certo.
O descanso foi merecido, e já não acordávamos tão cedo, umas 7:30 era um bom horário, já que nada por aqui funciona antes desse horário. Fomos então em busca do nosso café da manhã. O "restaurante" mais movimentado que encontramos oferecia de café da manhã churros + café, mas achamos que fritura assim logo cedo não cairia bem, então fomos na cafeteria ao lado, Café Central, que servia o tradicional pão tostado com azeite e tomate + café (típico da Espanha). Nesse dia o Roger experimentou algo diferente, não lembro o nome, mas só tinha um e não puder pedir também.
Voltamos para o hostel, nos preparamos e pegamos a estrada para chegar ao nosso destino final, Málaga.
Chris, eu adorei seu blog. Lendo as suas aventuras pela Europa a gente viaja na imaginação junto. Fotos belíssimas. Estava acompanhando suas fotos pelo insta e agora acompanharei por aqui.
Nossa, são lugares incríveis que valem muito a pena conhecer! Valeu Chris!