O "Caminito del Rey" é um passeio nos desfiladeiros de Gaitanes, na província de Málaga (Andalucia), e fica a cerca de 60 km da cidade de Málaga, onde estávamos hospedados. São passarelas presas às rochas no interior do cânion, com mais de 3 km de distância, com trecho com apenas 1 metro de largura, penduradas a até 105 metros de altura sobre o rio, em paredes quase verticais.
Compramos as entradas pela internet e com antecedência, pois em algumas épocas do ano os tickets se esgotam rapidamente. Como o passeio estava agendado para as 9 horas da manhã e tínhamos esta distância para percorrer logo cedo, tínhamos que levantar, tomar café e sair antes das 7:30 da manhã do hostel. Compramos pão e frios no dia anterior, pois com certeza cedo não acharíamos nenhum lugar aberto para comer. Aproveitamos e preparamos uns sanduíches para levar no passeio, pois sabíamos que acabaria por volta do meio dia.
Para nossa sorte acordamos ainda antes do despertador tocar e nos agilizamos, saindo do hostel umas 7:10. Estava frio, e eu tinha minha jaqueta jeans, que não esquenta muito, mas é melhor que nada, o Roger estava apenas com a camiseta de manga comprida com proteção UV. Por causa do vento e o frio das montanhas, o Roger foi quase a viagem toda a menos de 80 km/h na moto, mas ainda assim, quase congelamos. O sol nessa época costuma nascer depois das 7 horas da manhã, mas como estávamos indo em direção às montanhas, quando o sol estava quase melhorando um pouquinho nossa situação, vieram as montanhas para fazer sombra, e deixar tudo como no princípio.
Chegamos no ponto de encontro 8:45, e como estávamos de moto, conseguimos estacionar na frente do restaurante El Kiosko, onde os guias ficam esperando seus clientes. (Mas se você estiver de carro, fique esperto, pois provavelmente não conseguirá lugar ali perto, e alguns estacionamentos chegam a estar a 2,7 km de distância.) O frio parece que ficou pior nessa hora e começamos a "bater os dentes de frio". Caminhamos um pouco por ali para esquentar, enquanto o passeio não começava.
Bom, voltando ao passeio. Partindo do restaurante Kiosko, caminhamos cerca de 1 km ao lado da estrada, até a entrada da trilha, através de um túnel cavado em meio à rocha. Depois de atravessar, temos mais um trecho caminhando em estrada de chão, larga, até chegar próximo da barragem, onde é considerada a entrada do passeio. Ali os grupos ficam esperando sua vez para pegar os capacetes e poder seguir passeio. Devemos ter ficado esperando uma meia horas, mas chegou nossa vez. Colocamos os capacetes e começamos a caminhada, agora mais estreita, e sobre as passarelas de madeira que v
Curiosidades: Em função da construção da Hidrelétrica do Rio Guadalhorce, para que os trabalhadores tivessem acesso aos dois lados do desfiladeiro e pudessem levar material, fazer manutenção e vigilância, entre 1901 e 1905 foi construído o caminho. Em 1921 o Rei Afonso XIII presidiu a inauguração da hidrelétrica, percorrendo o caminho que passou então a chamar-se "Caminito del Rey".
Contudo, devido ao abandono e falta de manutenção ao longo dos anos, que fizeram com que a estrutura ficasse comprometida e alguns trechos desmoronaram, ocorreram algumas tragédias com turistas que visitavam o local (entre 1999 e 2000). O governo então fechou as entradas, porém alguns aventureiro ainda conseguiam meios de entrar no local.
Com várias das características originais mantidas, o caminito foi restaurado em 2014, com a construção de uma nova passarela que faz com que os aventureiros atravessem de um lado do desfiladeiro para outro a uma altura de 105 m sobre o rio. A reinauguração e abertura ao público ocorreu em 2015.
Sei que para muitos essa informação pode não interessar, mas para mim que sou geóloga, não poderia deixar de lado. Os rochedos maciços de cor cinza, por vezes avermelhada, são rochas calárias e domolíticas de idade Jurássica. Estes sedimentos marinhos sofreram um levantamento durante o Dobramento Alpino, que modificou sua estratificação horizontal e fraturou muito o conjunto. A ação do rio nestas rochas fraturadas e que sofrem dissolução cárstica, formou duas zonas de desfiladeiros embutidos, os Gaitanejos a norte, e Gaitanes a sul. A descoberta de fósseis de origem marinha provam que a milhares de anos essas rochas estiveram origem marinha.
Os rios que se juntam para passar entre os desfiladeiros também percorrem trechos com rochas areníticas e conglomerados calcários do Mioceno, carregando também parte desses sedimentos. Devido à quantidade de sedimentos argilosos em suspensão na água, ela apresenta um aspecto leitoso, e certa turbidez.
Depois dessa emocionante aventura, quase pendurados sobre o Rio Guadalhorce, num trajeto de cerca de 2,9 km, entre passarelas e trilhas, chegamos ao final do percurso. Normalmente as entradas do parque dão direito à uma bebida no final, e pegamos a nossa antes de ir até o ponto para pegar o "shuttle". Daqui até onde pegamos o ônibus para voltar ao ponto de partida são mais cerca de 700 m, e €1.55 por pessoa. O trecho percorrido pelo ônibus tem cerca de 10 km, e os tickets são vendidos em um quiosque em frente à parada do ônibus.
Não sei como funciona em outras época, mas agora durante a pandemia todos tinham que utilizar máscara e não eram vendidos mais assentos do que o limite do ônibus para ir sentado. Então, quando vendia todos os lugares de um ônibus, você era automaticamente colocado no horário do próximo, cerca de 30 minutos depois.
A princípio não tivemos sorte, e não conseguimos lugar para no ônibus que sairia na sequência, mas ficamos ali no ponto do ônibus, que era um dos únicos lugares que tinha sombra. Conforme as pessoas estavam entrando no ônibus anterior ao nosso, o Roger falou para ficarmos na fila. O motorista do ônibus barrou algumas pessoas que tinham passagem para o mesmo horário que nós, mas ficamos ali com mais cerca de 7 pessoas, pois ele falou que esperaria dar a hora de partida, e se ainda sobrasse lugares, ele deixaria que embarcássemos. Ufa! No limite, conseguimos pegar o primeiro ônibus.
Como já passava do meio dia, e tínhamos levado os sanduíches, nos sentamos na beira da represa, na sombra de uma árvore e fizemos um mini piquenique. Curtindo essa vista linda e restaurando as energias. Que lugar incrível, que energia deliciosa.
Apesar do frio, do calor, de ter que usar a máscara e o capacete por todo o passeio... Um passeio incrível, para ficar na memória com tanta beleza e adrenalina.
Gostamos muito de fazer "El Caminito del Rey".
Recomendações:
Para esse tipo de passeio é sempre recomendado utilizar roupas confortáveis e sapatos adequados, pois o terreno as vezes é irregular e pode eventualmente causar quedas.
Se fizer calor e sol, proteja-se com protetor solar e óculos de sol.
Lembre-se também de levar muita água, para o período que pretende ficar no passeio (se colocar a garrafa com um pouco de água no congelador no dia anterior, terá água fresca durante o passeio).
Aconselhamos levar sempre algo de comer, para repor as energias, de preferência que não suje o lugar, servindo de alimento para os animais (no lugar não existe nenhum tipo de serviço).
E mais importante, deixe o lugar limpo, recolhendo e levando consigo todo o lixo que produzir, e as vezes, se puder, até os que algumas "pessoas" possam ter deixado para trás.
Manter este lugar mágico é responsabilidade de cada um!
Vamos seguir viagem.... Nos acompanhem...
Agora o retorno, em direção à Castelldefels.
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