Sexta-feira, dia 25 de setembro de 2020, e como o Roger estava de folga decidimos dar uma volta de moto pela região das montanhas aqui perto de Castelldefels, para conhecer e curtirmos um friozinho.
Depois de um dia de muito vento, com rajadas fortes, que segundo registros atingiram 92 km/h, os termômetros tiveram uma queda significativa, para 18 graus. Final de setembro e já começou o frio. Felizmente tinha sol para aquecer um pouquinho, e deixar o caminho pelas montanhas do Parque Natural do Garraf ainda mais lindo, proporcionando vistas maravilhosas, tanto olhando em direção ao mar, como à serra.
A estrada pelo parque do Garraf é simples, sem acostamento, mas em ótimo estado de conservação e super bem sinalizada. Com muitas curvas, de moto é uma delícia para passear. Seguimos até o Monastério Budista Sakya Tashi Ling, localizado na antiga Colônia Agrícola Plana Novella, no município de Olivella. Um mosteiro pertencente a uma das quatro escolas budistas do Tibete, a tradição Sakyapa.
Curiosidade. Esta colônia agrícola destinava-se ao cultivo de videiras, olivas e árvores frutíferas. Porém em 1896 com a falência, a propriedade que pertencia a Pere Domènech e Maria de Vilanova foi a leilão, permanecendo fechada desde então. Em 1996, a comunidade de Monges Budistas Sakya Tashi Ling iniciou um processo de reabilitação com o objetivo de recuperar seu valor cultural e histórico, para converter o Monastério do Garraf em um lugar de acesso ao conhecimento e a sabedoria milenar de Buda. Um lugar propício para desenvolver o aprendizado de vida através de uma cultura de paz, colaboração e compromisso com a sociedade e com o meio ambiente.
De longe já vemos sua beleza imponente no meio de uma região essencialmente agrícola, e não tem como passar sem dar uma parada. A estradinha final, já dentro da área pertencente ao mosteiro não é muito boa, mas seguindo em frente encontramos um pequeno estacionamento.
Quando você vai do estacionamento em direção à entrada do mosteiro, você tem duas opções, seguir reto e entrar na estupa da saúde, ou ir à esquerda em direção à construção principal, onde encontra-se o centro do informações à esquerda, o mosteiro em si em frente, e outros prédios, como a capela cristã à direita.
No centro de informações é possível adquirir visitas guiadas que dão acesso à áreas restritas e conhecer mais à fundo a história do lugar. Maiores informações, ainda mais em época de Covid-19, podem ser obtidas através do site oficial (https://monjesbudistas.org/).
Infelizmente não se pode ver muita coisa, pelo menos internamente, pois o acesso é restrito. Inclusive a parte da frente do prédio principal, onde existe um pequeno jardim e uma fonte de água, estavam fechados. Então conhecemos pelo menos a parte de fora do mosteiro, e as famosas estupas.
Curiosidade. Lendo um pouquinho sobre as tradições, descobrimos que um dos primeiros objetivos dos templos/monastérios budistas é a construção de uma "estupa" (chörten; monumento em formato de torre, geralmente cônica, circundada por uma abóbada, construído sobre restos mortais, geralmente cremados, de uma pessoa importante dentro da religião budista). Um relicário de arquitetura única com desenhos e proporções estabelecidos pela tradição. O conjunto de elementos da "estupa", como geometria sagrada, conteúdo de alto valor simbólico e energia carregada pelas cerimônias, criam um potencial benéfico para aqueles que a olham, circulam ou que são tocados pela sua sombra.
Na tradição tibetana existem oito tipos de "estupas". No Monastério de Garraf podemos encontras a Estupa da Saúde (Nomgyal), que é maior e fica do lado de fora, em frente ao estacionamento, e a Estupa da Sabedoria (Jangchub), que é menor e fica atrás do centro de informações e cafeteria. Nas estupas as pessoas podem beneficiar-se de sua energia e inspira-se nos valores universais que representam.
O acesso à ambas as estupas está permitido durante o horário aberto ao público, devendo-se ter sempre um comportamento respeitoso e educado com as pessoas que estão no lugar, com a comunidade e com o entorno, visto que estas encontram-se dentro do Monastérios.
Segundo às tradições, na Estupa da Saúde deve-se circular no sentido horário, mantendo o pensamento positivo, mantendo a motivação de ser benéfico para os demais, e estar concentrado no percurso, aproveitando o estado de calma que o lugar emana. Deve-se ao menos dar uma volta completa, sugerindo-se dar três voltas, ou mais, se tiver tempo.
A nossa volta foi completa, girando os moinhos (cilindros) de oração que existem ao redor da Estupa. Segundo a cultura budista, quando se dá a volta na Estupa, ao girar os moinhos, simbolicamente, o vento espalha as orações que continuam, beneficiando não somente a si, mas aos demais seres (próximos ou longe).
Além de todo esse momento de paz e aprendizado, claro que tivemos nossas aventuras. Primeiro avistamos um pé de romã, e não resistimos e tiramos uma para nós (que depois de uns 20 dias abrimos e ainda estava verde). Depois tentamos conseguir uns figos para comer, mas os poucos que existiam na árvore ainda estavam pequenos e verdes, então nada feito. E por fim, pegamos dois limões "tahiti", mesmo que pequenos, pelo menos para termos as sementes e conseguirmos planar (mas até agora nada nasceu, infelizmente); aqui essa espécie de limão é cara, o mais barato que achei foi a unidade custando 0,30€.
O passeio não foi muito longo, mas foi bonito e diferente. E na volta, com o sol mais baixo, e muita sombra no nosso caminho, o frio ficou pior, causando um pequeno desconforto, e como não tínhamos nada em casa para comer, tivemos que ir direto para o supermercado.
Mais um passeio perto de Barcelona para fazer em um dia.
Seguimos com nossas aventuras pela Espanha, venha conosco!
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